Puro e impuro são noções encontradas quase em todas as
religiões antigas e povos primitivos. Não se trata de pureza física, moral ou
de castidade. Impuro é o que está carregado de forças perigosas ou pode
desencadeá-las, e por isso deve ser evitado. A impureza não significa, pois,
culpabilidade ou pecado; por exemplo, a mulher após o parto ou durante a
menstruação é considerada impura; tocar um morto, estar atacado por certas
doenças ("lepra") torna a pessoa impura.
Certos animais ou alimentos de origem agrícola são
considerados impuros e por isso rejeitados pela cultura nômade da qual
provinham os israelitas. Assim os animais elencados em Levítico 11,29s são
considerados impuros pois tinham um papel no culto cananeu; o porco era impuro
porque era usado no culto de Adônis-Tamuz. Tais proibições visavam evitar
misturas e manter a integridade. Por isso também animais ou coisas híbridas
deviam ser evitados (Levítico 18,23 Levítico 19,19). O motivo original de tais
práticas podia ser um simples tabu. Mas, no contexto atual, Israel deve evitar
certos alimentos e atos que o tornam impuro, porque impedem de participar no
culto divino (Levítico 11,1-47).
Jesus criticou este conceito de pureza ritualística e
meramente exterior (Mateus 23,25s), mostrando que o que torna impuro o homem
não são as coisas que vêm de fora, mas o que procede do coração: os maus pensamentos
que levam ao pecado (Marcos 7,15-23). Ver Levítico 12,1-8 Levítico 14,33-53
Levítico 15,1-33.