O tema constitui uma das noções básicas da fé de
Israel. A Bíblia projeta na contemplação da criação a experiência da Aliança e
da sua vivência religiosa. Assim, o autor inspirado conforme seja um narrador
ou um poeta, um sábio, um sacerdote, um cantor, admirará na criação ora a
onipotência divina, ora a sua sabedoria, ora o seu governo real, ora a sua
manifestação.
A mais antiga narração da criação é do séc. X
a.C.. Numa linguagem popular, atribui a Deus a criação do ser humano e pretende
responder a vários "porquês": da vida a dois, do trabalho, da dor
(Gênese 2,4-25). Um poeta admira a onipotência de Deus na criação (Jó 38,1-40,5
Jó 26,5-14 Salmo 89,10-13). Louva a Deus com entusiasmo pela grandeza de seu poder
criador (Salmo 8 Salmo 19,3-7 Salmo 104), pois ele criou todas as coisas do
nada (cf. 2Macabeus 7,28 e nota). Louva a Deus pela sabedoria da criação
(Isaías 40,12-17 Provérbios 8,22-35 Eclesiástico 43,33 Salmo 19,1-3).
Deus é o criador do mundo (Jeremias 27,5 Jeremias
31,35) e da história (Isaías 22,11 Isaías 37,26). Na literatura pós-exílica as
afirmações sobre o poder criador de Deus são mais freqüentes. Ele cria o
universo pela sua palavra (Salmo 33,6-9 Salmo 148,5 Isaías 40-55) e renova a
criação, realizando a salvação prometida (Isaías 41,20 Isaías 45,8 Isaías 48,7)
e transformando o coração do homem arrependido (Salmo 51).
No Novo Testamento sabemos que tudo foi criado
em Cristo e por Cristo (1Coríntios 8,6 Colossenses 1,16 Hebreus 1,2), e que a
sua obra redentora é uma nova criação (Romanos 8,18-22 1Coríntios 15,45-48
2Coríntios 5,17 Efésios 4,24 Tiago 1,18 2Pedro 3,13 Apocalipse 21,1-5 cf.
Isaías 65,17-18).